Empreendedorismo feminino e propriedade industrial

CLARA LÓPEZ TOLEDO CORRÊA
Advogada da Toledo Corrêa Marcas e Patentes

Clara Lopez ToledoEmpreendedorismo feminino é um assunto que toma força e conhecimento por todos a cada dia. O número de mulheres que empreendem, empregam e que depositam marcas e patentes no Brasil tem aumentado a cada dia e ano, conforme demonstram estatísticas realizadas desde 2008 por diversos órgãos, empresas e índices (entre eles o IBGE, Instituto Nacional da Propriedade Industrial, PNADC – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua- e SEBRAE).

Mesmo assim, a participação feminina não é tão reconhecida pelas pessoas – homens e próprias mulheres -, o que ocorre de forma inconsciente devido a uma cultura milenar que colocou a mulher como protagonista de outro cenário que não o empreendedor.

Não se trata de femismo (ideologia que prega a superioridade feminina), mas de reconhecimento, inclusive, pois é de extrema importância que homens e mulheres andem lado a lado nos mais diversos ramos. Mulheres e homens que empreendem encontram dificuldades para tal que são naturais do empreendedorismo, pesquisa e mercado de trabalho.

Aqui cabe uma pequena observação particular: a meu ver, mesmo o empregado CLT empreende dentro do seu emprego e fora dele, e se não faz, deveria fazer, é uma questão de estratégia e até sobrevivência, seja ela física/financeira e mental/capacidade de aprendizado e adaptação que fomenta o crescimento e contentamento intelectual.

Mas, em que pese as dificuldades naturais do cenário empreendedor, é fato e está longe de ser uma novidade que as mulheres sempre encontraram maiores dificuldades que os homens devido a cultura já mencionada, entre outros aspectos.

Ganhamos menos que homens, mas mesmo assim, o percentual de inadimplência entre mulheres empreendedoras é menor do que o percentual masculino. Temos uma série de dificuldades que os homens não possuem e “ok”, vamos lidar com isso como sempre fizemos e vamos resolver todo e qualquer desafio.

Nunca fomos consideradas “arrimo de família” historicamente, mas pesquisas mostram que mais de 50% de empreendedores são mulheres, que consequentemente empregam outras pessoas. Quando se fala em pesquisa e desenvolvimento, temos em mente nomes masculinos de cientistas, mas o número de cientistas mulheres brasileiras já corresponde mais de 49%, considerando o território nacional e alguns países da Europa – e são mulheres premiadíssimas em suas áreas.

Quanto às patentes, sabemos que os maiores depositantes são universidades e multinacionais, mas em termos de pessoas físicas quem lidera o ranking é uma mulher! No mundo das startups a tendência é a mesma, o número de CEO’s mulheres em empresas consideradas “unicórnios” aumentou.

Mas, por de trás de patentes, tecnologias, inovação, empreendedorismo e o reconhecimento feminino temos um viés muito mais humano e social. Ao se fazer empreendedora uma mulher possui maiores chances de contribuir com a sociedade local e, além disso – e mais profundo-, de cessar o ciclo de violência contra ela e sua família, se existente. Então, qual o motivo de ainda não sermos, de forma geral, reconhecidas, por homens e mulheres, com mesmos méritos que um empreendedor?

Aos homens – e às mulheres – fica aqui meu apelo para essa tomada de consciência.

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